Para ser sincero, esta frase nunca funciona, exceto quando é proferida por uma pessoa de quem depende totalmente o resultado da situação. É compreensível que, se um ente querido se sente mal ou ansioso, queira ajudá-lo e aliviar o seu estado. Mas isso deve ser feito de forma competente.
Marina Mayorova
Candidato a filósofo, terapeuta da Gestalt
Indica em que situações se pode utilizar esta frase e qual o resultado esperado.
Como prestar apoio corretamente
O estado de uma pessoa é uma projeção de três componentes:
- O que é que ele pensa sobre o assunto e que pensamentos lhe vêm à cabeça.
- Como é que ele se sente, que emoções sente na situação e em que estado se encontra.
- Como se sente fisicamente. Uma pessoa pode estar cheia de força e energia, ou pode estar doente ou enfraquecida, o que afectará a sua condição e capacidade de ação.
A partir daí, podemos prever como podemos apoiar a pessoa. Eis os resultados possíveis:
1. Se a pessoa pensa que a situação é desesperada e não tem solução intelectual, é inútil dizer-lhe que tudo vai correr bem. Sem si, ela percebe que não vai ficar, e as suas palavras soam implausíveis e irritantes.
Como ajudar? Fazer as perguntas certas, ajudá-lo a perceber o que pode fazer ou a quem recorrer, quem envolver para mudar a situação. Concretizar um conjunto de acções até que haja um plano ou, pelo menos, uma compreensão dos primeiros passos que podem ser dados hoje para avançar para uma solução. O melhor resultado deste diálogo é a compreensão do que pode ser feito para obter um resultado positivo da situação e a vontade de avançar nessa direção.
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2. Há situações em que uma pessoa se encontra num estado emocional destrutivo, próximo da apatia - perda de interesse pela vida. Neste estado, simplesmente não há vontade de fazer nada. Pode ser o resultado de um choque psicológico, de uma perda significativa, de um trauma psicológico, de uma separação ou de qualquer outra coisa.
Como ajudar? É importante ajudar a pessoa a lidar com as emoções que está a sentir, mas fazê-lo de forma segura. Faça perguntas abertas, ajude-a a perceber como se sente, do que tem medo ou como pode ultrapassar a dor. Existem várias fases do luto: negação ou isolamento, raiva, negociação, depressão, aceitação ou humildade.
O melhor apoio é ajudar a pessoa a viver estas fases, aceitando o que aconteceu e querendo seguir em frente. É importante perceber que só depois de viver todas as fases é que uma pessoa pode sair de um estado emocional destrutivo por si própria ou com a ajuda de outra pessoa.
3. Se uma pessoa é fisicamente saudável, mas não tem energia e vontade de se mexer, a melhor coisa que pode fazer por ela é mandá-la para o ginásio ou dedicar-se a uma atividade que faça o seu corpo sair do sofá e largar o telefone ou o controlo remoto. O desporto e a atividade física são uma excelente forma de aumentar a vitalidade e de se livrar da inércia.
Os exercícios para casais nunca são aborrecidos e dão-lhe a oportunidade de passar o tempo não só com prazer, mas também com benefícios.
Como ajudar? O corpo e a mente são elementos do mesmo sistema, e se fisicamente estiver cheio de força, há um lugar para aplicar este recurso. Se uma pessoa sofre de uma doença física, então as palavras não são suficientes e, neste caso, pode ser necessária a ajuda qualificada de médicos.
É inútil criar ilusões com a frase "tudo vai correr bem". É melhor ajudar uma pessoa através das suas acções e da sua participação na vida dela, se, claro, ela estiver disposta a deixá-lo entrar e se precisar realmente de ajuda.